Às 15h17 deste sábado (10), o Centro Estadual de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cegerd), da Defesa Civil do Paraná, disparou um alerta. Quase instantaneamente, os celulares de moradores e visitantes de Morretes, no Litoral, vibraram e tocaram um alarme, exibindo na tela uma mensagem que explicava a razão do contato em massa. Às 15h25, o protocolo foi repetido em União da Vitória, no Sul do Estado.
Tratou-se do Defesa Civil Alerta, uma nova ferramenta que está sendo testada em 11 municípios do Sul e do Sudeste do Brasil para avisar a população sobre situações de risco de desastre. Ela utiliza a tecnologia Cell Broadcast, que diferente dos alertas já disparados pela Defesa Civil por meio SMS ou WhatsApp, utiliza a geolocalização do usuário para emitir um aviso que se sobrepõe a outros aplicativos do celular, sem exigir cadastro prévio.
“Estamos trabalhando há algum tempo para fazer essa demonstração, que teve grande êxito, e vamos continuar com esse trabalho, fazendo as melhorias necessárias para que possamos implementar essa tecnologia em todo o Paraná e fortalecer o sistema de alerta para nossa população”, destacou o capitão Marcos Vidal, da Defesa Civil Estadual.
O sistema está sendo implementado em conjunto entre o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, por meio da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, o Ministério das Comunicações, a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) e as empresas de telefonia móvel. Ferramentas similares estão em uso em países como Estados Unidos, Alemanha, Itália e Chile.
No Paraná, a Coordenadoria Estadual da Defesa Civil auxilia na implantação. O órgão participa do processo no auxílio e orientação às duas cidades incluídas nesta etapa. O Estado foi um dos escolhidos para participar por seu protagonismo na organização dos atendimentos e apoio aos municípios. O trabalho vai desde os alertas à população a trabalhos de preparação das equipes locais, apoio técnico e integração com outras secretarias para o desenvolvimento de ações futuras.
“Essa nova tecnologia vai se somar a outros alertas que já disparamos no Estado e reforçar o aviso em situações mais extremas. As pessoas que estiverem naquela região, naquela área, independente de ter cadastro ou não, vão receber esse alerta e vão poder tomar ações de autoproteção, vão poder se proteger e, com certeza, vamos conseguir salvar muito mais vidas assim”, ressaltou o capitão Vidal.
TESTE – Para testar a efetividade do sistema, as mensagens foram enviadas com intervalos de cinco minutos para os municípios de Roca Sales (RS), Muçum (RS), Blumenau (SC), Gaspar (SC), Morretes (PR), União da Vitória (PR), São Sebastião (SP), Cachoeiro do Itapemirim (ES), Indianópolis (MG), Petrópolis (RJ) e Angra dos Reis (RJ).
Durante um mês, técnicos da Defesa Civil e da Anatel vão monitorar o funcionamento da ferramenta para avaliar a necessidade de eventuais ajustes. A partir daí, a tecnologia estará disponível para ser implementada em qualquer município brasileiro. “Hoje foi feita uma demonstração. O projeto está efetivamente pronto e, nos próximos 30 dias, iremos avaliar os resultados e possíveis falhas, que até o momento não foram detectadas”, explicou o sargento Fabrício Cavalcante Lopes, representante da Defesa Civil Nacional.
“É importante que essa situação real aconteça para avaliar o que pode ser aperfeiçoado. Vale ressaltar que a velocidade com que esse alerta atinge a população é inestimavelmente superior a outros sistemas, e o teste mostrou que ele funciona muito bem”, ressaltou o sargento. “A finalidade é salvar vidas, avisando rapidamente a população sobre riscos iminentes de desastres. E com essa ferramenta, conseguimos que a mensagem chegue em segundos, talvez, no Brasil inteiro”.
PARANÁ – Os municípios estavam há cerca de um mês se organizando para o teste deste sábado, que correu conforme o planejado. “Ficamos muito contentes que a ferramenta funcionou. Os turistas que estavam aqui ficaram curiosos com o que aconteceu e nossa equipe explicou que se tratava de um teste, então estamos felizes que deu certo”, disse o coordenador da Defesa Civil Municipal de Morretes, Edson Alves.
“Fizemos todo o mapeamento do nosso município, as divisas, para saber até onde o sinal chegaria. E hoje, nossas equipes e também da Defesa Civil Estadual foram aos bairros mais afastados e aos locais como a rodoviária e a estação ferroviária para orientar as pessoas”, explicou. “Para Morretes é uma ferramenta extremamente importante, porque temos morros e rios que sofrem com as cabeças d’água, além de enchentes e deslizamentos que ocorrem às vezes, então nos preocupamos muito com o atendimento rápido da população”.