Em uma decisão histórica, o Vaticano autorizou pela primeira vez, em um documento oficial, a benção de casais do mesmo sexo e em “situação irregular” para a Igreja Católica, mas seguindo com a oposição ao matrimônio homossexual.
No documento intitulado “Fiducia supplicans: sobre o sentido pastoral das bênçãos”, aprovado pelo papa Francisco e divulgado nesta segunda-feira, 18, o Dicastério para a Doutrina da Fé esclarece que a bênção de casais do mesmo sexo nunca ocorrerá simultaneamente com os ritos civis de união ou de forma semelhante a um casamento.
O cardeal argentino Víctor Manuel Fernández, prefeito da congregação, afirmou que é possível abençoar casais em situação irregular e casais do mesmo sexo sem validar oficialmente seu status ou alterar o ensinamento perene da Igreja sobre o matrimônio.
A bênção dos casais homossexuais ou “irregulares” pode ser precedida por uma breve oração, na qual o sacerdote pode pedir paz, saúde, espírito de paciência, diálogo e ajuda mútua aos abençoados.
O papa Francisco já havia adiantado essa possibilidade em outubro, enfatizando que as bênçãos seriam decididas caso a caso e não deveriam ser confundidas com cerimônias de casamento de casais heterossexuais.
A decisão representa uma mudança de posição em relação ao pronunciamento anterior do Dicastério, que afirmava que a Igreja Católica não poderia abençoar uniões de pessoas do mesmo sexo.
A Igreja ensina que ter atração por pessoas do mesmo sexo não é pecado, mas engajar-se em atos homossexuais é considerado moralmente inaceitável.
O papa Francisco ressaltou a importância da caridade pastoral em todas as decisões e atitudes da Igreja, destacando que a bênção é um pedido de ajuda a Deus e uma oração para uma vida melhor.
Essa nova diretriz busca conciliar a proximidade da Igreja com casais em situação irregular sem alterar seus princípios doutrinários.