Na PF, Bolsonaro disse que compartilhou por engano postagem de uma seguidora contra resultado da eleição

Por Repórter Jota Silva
Brasília (DF), 26/04/2023 - O ex-presidente Jair Bolsonaro após prestar depoimento à Polícia Federal (PF) sobre os ataques do dia 8 de janeiro em Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em seu depoimento de aproximadamente duas horas à Polícia Federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro disse que compartilhou por engano postagem de uma seguidora no dia 10 de janeiro (dois dias após os ataques de 8 de janeiro). Bolsonaro queria salvar no WhatsApp, o vídeo postado pela seguidora do Facebook, mas acabou republicando.

O vídeo fazia questionamentos à vitória de Lula nas eleições. Bolsonaro disse que queria enviar o vídeo para seu WhatsApp para assistir posteriormente, mas acabou teclando errado e por engano acabou repostando o conteúdo publicamente no feed.

Bolsonaro deletou o vídeo três horas depois, mesmo deletada de seu perfil, a publicação foi usada com argumento pelo ministro Alexandre de Moraes para ouvi-lo no âmbito do inquérito do 8 de janeiro.

O vídeo da seguidora, compartilhado por Bolsonaro, mostrava o trecho de uma entrevista do procurador Felipe Gimenez, do Mato Grosso do Sul, questionando o processo eleitoral. “Lula não foi eleito pelo povo brasileiro. Lula foi escolhido pelo serviço eleitoral, pelos ministros do STF e pelos ministros do Tribunal Superior Eleitoral”, diz Gimenez no vídeo.

Por conta das declarações, o procurador virou alvo de representação na Corregedoria da Procuradoria Geral Eleitoral. À imprensa, ele disse nunca ter mantido qualquer contato com Bolsonaro.

De acordo com o advogado Dr. Paulo Cunha Bueno, o ex-presidente Jair Bolsonaro estava internado num hospital em Orlando, sob efeito de morfina. “Foi um equívoco na hora de salvar o arquivo. Ele não percebeu que havia postado.” Fábio Wajngarten, ex-secretário de Imprensa, disse que o presidente “sequer havia percebido que tinha postado o conteúdo e só tomou conhecimento depois por assessores”. “Assim que alertado, apagou o vídeo.”

Durante seu depoimento à PF, Bolsonaro reiterou sua condenação aos atos de 8 de janeiro e lembrou que publicou no Twitter, postagem repudiando as invasões ainda na noite do dia 8. Assim também Bolsonaro disse aos investigadores da PF que as eleições de 2022 “são página virada”, que após a derrota ele fez a transição e depois, no dia 30 de dezembro, saiu de férias. 

No depoimento, Bolsonaro se limitou a comentar a postagem, evitando responder a outras perguntas para não prejudicar sua defesa no processo que corre no Tribunal Superior Eleitoral.

Em outro processo que corre no Tribunal Superior Eleitoral, Bolsonaro é acusado de abuso de poder político ao questionar a segurança das urnas eletrônicas durante encontro com os diplomatas, entretanto seus advogados alegam que seu questionamento não configurou ato eleitoral.

A Procuradoria Eleitoral, manifestou favorável pela cassação dos direitos políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro, esse caso será julgado em breve.

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